quarta-feira, 8 de junho de 2011

E por falar em Educação...

Hoje eu tive acesso a este vídeo no qual Gabriel Chalita defende professores em discurso na Sessão Plenária, eu sinceramente desconhecia este vídeo foi publicado no dia 19 de novembro de 2009, como é importante sabermos mais sobre o que acontece com a Educação...



Transcrição do discurso de Gabriel Chalita:

"Senhor Presidente, senhores vereadores, meus amigos que nos acompanham pela TV Câmara

Eu tenho sido muito cobrado dos professores de São Paulo, com relação a minha opinião deste projeto enviado pelo governador José Serra e aprovado pela assembléia legislativa, que em tese dá o reajustes aos professores da rede estadual do estado.

Eu desde o início em que se colocou este projeto, eu imaginava que a assembléia fosse inclusive discutir mais sobre este projeto, eu acho que quando ele foi colocado para opinião pública ele já foi colocado com um grande equívoco porque dava uma demonstração que os professores da rede estadual iriam ganhar nove mil reais, oito mil reais, sete mil reais, e as pessoas não entenderam que este ganhar sete mil reais, oito mil reais ou nove mil reais demorariam doze anos para isto viesse acontecer.

O projeto, ele é tão cruel com os professores, tão cruel, o que que é necessário para que o professor consiga ganhar um pouco mais segundo o projeto?

Ele tem que fazer uma provinha, uma prova pros professores e a cada prova que estes professores fizerem, 25% dos melhores professores que fizerem a prova, poderão ganhar um aumento salarial se houver recurso.

Vejam!
Primeiro a prova já é uma excrescência é uma discriminação contra os professores. Por que que os médicos do estado não tem que fazer prova todo ano então? Por que os engenheiros não tem que fazer prova? Por que que os políticos não tem que fazer uma prova? Por que só o professor para ter um aumento salarial tem que fazer prova?

Na verdade é um sinalização para sociedade e pos professores, de que os professores são culpados pelos problemas eventuais que existem na educação. Professor é vítima e não culpado! É uma forma cruel de se tratar os professores. É uma forma desrespeitosa de tratar os professores.

A gente deveria pegar o exemplo dos países que dão exemplos dos países que dão certo em termos educacionais. Quando a gente pega Finlândia que é um país que chegou ao topo do PISA do principal organismo de avaliação internacional, a avaliação da Finlância ela se coloca, em primeiro lugar, valorizando o professor como a alma do processo educativo, imagine, disse um representante de educação da Filândia, se nós desconfiaríamos dos professores ao ponto de submeter os professores a esta humilhação, fazer com que o professor mostre a prova um para o outro, para ver se vai ter aumento ou não, dependendo do valor salarial que tiver.

A gente tem que tratar melhor os professores, respeitar mais as pessoas que se sacrificam para levar adiante este sonho tão essencial que é o sonho de um educação de qualidade.

Eu acho que mostra uma imensa insensibilidade do governador José Serra, imensa insensibilidade no trato com o professor, no trato com o educador, mostra um desrespeito e mostra um falta de visão do que é mais importante na sala de aula.

Quem entende minimamente de educação, sabe que não é o fato de uma pessoa ir melhor em uma provinha, que ela vai dar uma aula melhor, decorar elementos que cai numa prova não significa que ser o melhor professor. Há pessoas brilhantes que desenvolvem belíssimos trabalhos e que isto não significa necessariamente que elas possam ir bem em uma prova de decoreba, muitas pessoas que são doutores hoje em várias áreas, talvez não conseguiram entrar no vestibular, se aquele vestibular fosse de decorebas.


Eu acho que é preciso que agente colocar a educação acima de questões partidárias, acima de perseguições mesquinhas, acima de olhares incompetentes e valorizar quem de fato está na sala de aula.

Professor no Japão, ele é respeitado como a figura mais importante da sociedade, porque sem o professor não tem médico, não tem advogado, não tem engenheiro, não tem administrador, não tem desenvolvimento do país.

Aqui, infelizmente a gente está longe de valorizar a figura do professor, porque cada um destes gestores políticos, quando eles precisam colocar culpa em alguém, ele s colocam a culpa nos mais fracos e mais uma vez colocaram a culpa nos professores.

É lamentavel imaginar que os professores de São Paulo serão submetidos a esta humilhação de uma provinha o tempo todo , como os únicos profissionais que vão ter que fazer provinha para terem um aumento salarial. Repito por que os outros profissionais não tem que fazer provinha? Por que o governador não faz provinha? Por que os vereadores não fazem provinha então? Por que que os secretários deles não fazem provinha? Por que só os professores? Porque eles são a parte mais fraca do processo, eles são as vítimas deste processo de perseguição. Lamentavelmente a perseguição na política, enfeiam a política, enojam a política.

Eu fico muito solidário a estes professores que eu conheci tão bem quando era o secretário de educação, que conheço pelas paletras, que conheço por este contato, é em homenagem a estes professores que eu faço aqui este desabafo e até imagino que este governo possa refletir um pouco mais sobre a crueldade que ele vem impondo a estes professores, colocando nestes professores a culpa de eventuais problemas na educação.

Repito professor é a alma do processo educativo, se há culpa na educação, a culpa é do gestor, do gestor político que não dá continuidade aquilo que seus gestores anteriores já fizeram, isso vale para todos os lugares, educação é um processo não é uma coisa que a gente destrói, que faz de um jeito e do outro jeito.

Meu respeito, minha homenagem aos professores do estado de São Paulo que estão sendo tão sacrificados neste governo."

quinta-feira, 26 de maio de 2011

E por falar em EDUCAÇÃO....

Resolvi utilizar este espaço como um momento de reflexão sobre a atual visão da Educação brasileira.

Em toda minha vida profissional sempre estive dentro da escola diariamente, ou seja, manhã, tarde e noite.

Este ano estou apenas em dois turnos o que me tem oportunizado em observar o quanto se fala de educação nas mídias. Confesso que fui surpreendida pelos bombardeios de informações sobre o que acontece ou deixa de acontecer dentro da escola e nós professores que atuamos em nossas salas de aula, muitas vezes desconhecemos tudo o que se tem falado ou proposto para a educação, fiquei imaginando será que a mídia durante estes quinze anos diários falou sobre a educação assim?

Acho que através da minha curiosidade em relação a esta descoberta irá me responder..

Por enquanto desejo documentar este blog com estas informações.

Na segunda-feira desta semana ao chegar na escola me informaram sobre o desabafo da professora Amanda Gurgel, pois ela compareceu a um programa de TV falando sobre nossas angústias e a curiosidade me levou a descobrir o que aconteceu, ela emprestou a sua voz aos professores de sua região, porém, descobrimos que a voz da professora ecoou por todo Brasil, através do seguinte vídeo:




Ela compareceu em vários outros programas de TV








É interessante observar e deixar claro que esta é a realidade do professor seja no Rio Grande do Norte ou no Rio de Janeiro.


Hoje 26 de maio de 2011 a mídia também falou sobre a educação, destacando as seguintes matéria:


Bomba explode em escola e deixa alunos feridos no interior de SP
Vidros dos banheiros estouraram e feriram ao menos cinco estudantes.
A potência da bomba foi tão forte que destruiu a caixa d’água da escola.

Fonte: G1


Sala de aula brasileira é mais indisciplinada que a média, diz estudo
Segundo alunos, professores têm de esperar a classe se acalmar para continuar aula
Fonte: R7

quarta-feira, 23 de março de 2011

Nostalgia

Sempre tive muita vontade de iniciar este blog, pois as histórias contadas e recontadas entre professores são muito interessantes, mas hoje o que me motivou a iniciá-lo, infelizmente foi a notícia de uma perda lastimável, uma das minhas companheiras nesta aventura de ser professor se foi...

No ano de 1999 conheci a Jo, sempre muito calma, serena, sua voz era exatamente doce. Desde quando começamos a trabalhar na mesma escola, formamos um grupo único. Éramos no total 5: eu, Vera, Fátima Julia e Evelina prontas para o que der e vier.

Muitas coisas aconteciam naquele espaço e sempre defendíamos o trabalho na Educação de Jovens e Adultos. Alguns anos se passaram e Jo sempre me levava até um certo caminho, pois a escola ficava em um trecho isolado e a minha moradia era muito distante.

O carro da Jo nos causava um "frio na barriga", pois quando entrávamos nele víamos um pedaço do asfalto pela pequena abertura que havia no interior do carro. Tinha um cheiro tão forte, mas nada perguntávamos, apenas sentíamos.

Certo dia descontraídamente Jo declarou que 3 dos seus cachorros dormiam dentro do seu automóvel, nos entreolhamos, e os nossos olhares diziam tudo, sem proferir nenhuma palavra, afinal a boa vontade da nossa amiga, era tudo.

No ano de 2001 aprendi a dirigir, virei uma motorista e logo comprei meu próprio "carrinho", nossa que felicidade!

Nunca sequer havia dirigido, nem se quer tocado em uma chave para ligar o motor, mas em fevereiro de 2001 entrei na auto escola e após 3 meses eu já estava habilitada.

No final do mês de abril daquele ano, comprei meu Uno, o primeiro carro a gente nunca esquece, assim eu pude retribuir a bondade da Jo e a partir deste momento eu era a motorista do grupo, sempre levava Fátima Júlia, Vera e Jo.

Mas imagine, primeiro carro, já usado, não demorou muito para mostrar algum defeito. Um dia exatamente em uma curva e subida, o carro parou, que susto para todas nós. Eu até disse:

- Gente se vcs quiserem podem ir, eu me viro aqui.

A resposta me soou simplesmente amizade:

-Que isso! Comemos da carne, roeremos o osso juntas!

Não demorou muito um motorista de uma kombi parou ao nosso lado para ajudar, ele viu que não tinha jeito e se eu quisesse poderia deixar meu carro em frente a sua casa e pela manhã poderia ir buscá-lo, afinal já se aproximávamos das 23 horas.


E assim foi resolvido, mas quem iria dirigir a kombi enquanto ele tentava levar o carro ladeira abaixo?

Eu insegura, afinal só estava dirigindo oficialmente por 2 meses, Jo disse logo eu levo. Já dirigi até caminhão. Mas logo veio mais uma descoberta ao sussurrarem no meu ouvido:

- Andréia leva você, pois a Jo ta sem o óculos e ela não enxerga nada sem ele.

Resolvi então levar a Kombi, neste momento toca o telefone do motorista e Jo com sua voz tão doce atende, nossa que susto era a esposa do nosso salvador. Ele pegou o telefone assustado e tentou explicar o porquê daquela voz atender seu telefone, mas tenho até hoje para mim que ele não a convenceu.

Peguei a Kombi e todas lá dentro, fico imaginando as entreolhadas das meninas a cada curva.

Mas finalmente chegamos em frente a casa do moço que nos confiou seu carro, que estava lotado de moedas no painel, ele entrou dentro de casa e foi uma barulhada, acho que a mulher dele fêz um pequeno e estrondoso escândalo.

Mas para finalizar a noite ele nos levou em casa, 4 pessoas em lugares completamente diferentes e todas foram levadas até a porta de casa.

Eu digo, acredito em anjo!

E sei que onde Jocélia estiver está sendo muito bem cuidada, assim como ela sempre cuidou de mim e de muitas outras pessoas. Apesar de ter vivido tão pouco tempo com Jo e ter nos distanciado quando ela mudou de escola, ainda me lembro nos mínimos detalhes de tudo que pudemos passar juntas.

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Sabino